Renato Citrini detalha linha Galaxy S23 e fala sobre bateria e recarga rápida | TC Entrevista

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Renato Citrini detalha linha Galaxy S23 e fala sobre bateria e recarga rápida  | TC Entrevista
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A linha Galaxy S23 vem fazendo sucesso não só no Brasil como em boa parte do planeta, e, após receber análise de todos os modelos aqui no TechSmart, conversamos com Renato Citrini para entender um pouco mais do trabalho feito pela Samsung nos três celulares que compõem a família até então, indo desde os cuidados com o aspecto ecológico até velocidade de recarga e duração de bateria, entre outros.

Citrini é Gerente Sênior de Produtos de Mobile Experience da Samsung Brasil, sendo “o cara” dentro da empresa para falar sobre aspectos mais técnicos dos produtos, já que não apenas entende a fundo do que acontece como também é capaz de passar isso para uma linguagem mais popular.

Começamos o papo falando de sustentabilidade, um dos pontos de grande destaque dos lançamentos pelo uso de materiais reciclados não apenas na parte interna, como também externa dos produtos — assim como em sua embalagem. Perguntamos a Renato Citrini sobre os custos dessa preocupação ambiental e em como isso foi balanceado para não encarecer os aparelhos, e quais os próximos passos da Samsung em sua saga por eletrônicos mais sustentáveis.

O tópico seguinte foi o “Snapdragon for Galaxy”, parceria exclusiva entre Samsung e Qualcomm que rendeu como primeiro fruto o processador usado na linha Galaxy S23 — presente nos modelos vendidos em todo o mundo. Após anos com a sul-coreana vendendo seus flagships em versões Exynos e Snapdragon, em 2023 tivemos uma versão única, e Citrini explicou melhor o porquê disso.

Ainda em relação a componentes, comentamos sobre a parceria entre Samsung e AMD anunciada ainda no início de 2022 para o lançamento do Exynos 2200 presente na linha Galaxy S22 em alguns mercados, que acabou ficando em banho-maria desde então pelos problemas enfrentados na divisão de processadores da Samsung.

Falando sobre rivais, Citrini respondeu o que a Samsung achou da Dynamic Island e se a marca pretende adotar a solução criada pela Apple — algo que algumas concorrentes Android já estão de olho —, além de falar um pouco sobre como a sul-coreana está encarando a expansão agressiva de marcas chinesas, que já vendem seus produtos até mesmo em lojas físicas espalhadas pelo Brasil.

Por fim, Citrini falou também sobre a política de atualizações da Samsung — e a diferença de prazo de liberação entre países —, e sobre a velocidade de recarga da linha Galaxy S23, um dos maiores pontos de críticas da atual geração, já que mesmo intermediários chineses apresentam velocidade maior do que o flagship mais caro da marca.

“A Samsung sempre buscou e sempre vai buscar inovação, e dentro destas inovações tecnológicas a gente traz um novo caminho anunciado já antes até do Galaxy S22 com o Galaxy for the Planet, que é o de sustentabilidade, vocês vão ver sempre a gente falando disso não só nos topo de linha mas também nos intermediários, a gente vai começar a falar bastante sobre isso.”

Renato Citrini
Gerente Sênior de Produtos de Mobile Experience da Samsung Brasil

Sustentabilidade

TC: A Samsung focou bastante na parte de sustentabilidade no lançamento dos Galaxy S23. Isso teve algum impacto financeiro para a empresa, ou influenciou de alguma forma o preço dos aparelhos?

“Quando a gente pensa nos smartphones, estamos falando de flagships, onde a gente traz o que tem de melhor em tecnologia e inovação, e a gente está trazendo esse terceiro pilar que é o de sustentabilidade. O [Galaxy] S22 já trazia alguns componentes, como o plástico reciclado de redes de pesca abandonadas no oceano, que chega em uma qualidade bem ruim, ressecado, e existe um processo de tratar tudo isso, transformar em nylon de novo, em plástico, e moldar para que vire novamente uma matéria-prima e possa ser usada em um componente do smartphone.

Para o [Galaxy] S23 a gente traz mais materiais, como vidro e metal, que aí não são nem material pós-consumo, são pré-consumo, que são “sobras” de manufatura de outros produtos e seriam jogados fora pela indústria. A gente recolhe e transforma de novo em matéria-prima. A questão vai muito além do custo, seria mais fácil pegar um plástico ou vidro novo e fazer, mas nossa questão de olhar sustentabilidade se tornou um pilar, e vamos expandir isso no portfólio, usando em outras categorias como notebooks e monitores. É um pilar que a Samsung vai trabalhar e vai muito além de olhar o custo, é uma questão de olhar para o planeta e pensar como podemos ajudar. E, claro, tudo com qualidade, já que estamos falando de produtos top de linha e o usuário espera um patamar elevado na construção.”

Renato Citrini
Gerente Sênior de Produtos de Mobile Experience da Samsung Brasil

Snapdragon for Galaxy

TC: A linha S23 vem com um processador especial, feito sob encomenda. Essa parceria Samsung-Qualcomm deixou os aparelhos com um chip único em todo o mundo, em vez de termos versões com Exynos e Snapdragon. Essa ideia partiu da Samsung ou da Qualcomm?

“Alguns modelos da linha flagship a gente tinha isso de uns mercados receberem Exynos e outros Snapdragon. A Samsung Electronics (a produtora de smartphones) olha todos os fornecedores da mesma forma, incluindo a divisão responsável pelos Exynos, e escolhe os responsáveis pelos componentes de acordo com a demanda e o resultado esperado em cada produto. É muito mais uma questão de logística, de como atender determinados mercados sem deixar faltar nada, do nosso ponto de vista o que a gente quer é que não haja nenhuma diferença para o consumidor independente de qual o fornecedor (no caso de modelos com mais de uma versão).

No caso do [Galaxy] S23 a gente tem um fornecedor só, que é a Qualcomm, e claro que isso demanda muito acordo e muita conversa globalmente. A gente explica a demanda para o fornecedor e vê como ele consegue atender, para não ter nenhum problema logístico. É muito mais esse olhar de como logisticamente a gente consegue atender todo mundo num processador topo de linha, da mais alta qualidade e velocidade.

A gente tá em uma parceria tão interligada, tão íntima, que um forneceu o nome para o outro no lançamento do processador.”

Renato Citrini
Gerente Sênior de Produtos de Mobile Experience da Samsung Brasil

Samsung e AMD

TC: Nós noticiamos muito a parceria entre Samsung e AMD no lançamento do Exynos 2200 que chegou com o Galaxy S22, e ficou a expectativa de ver novos frutos dela. Em que pé ficou a parceria para a chegada de um novo Exynos com GPU especial projetada pela gigante das placas de vídeo?

“A gente sabe que existem rumores, mas a gente não comenta rumores. As informações oficiais são que no Galaxy S23 a gente tem um processador super poderoso que roda até Ray Tracing, algo que nos computadores você tem só em placas mais caras. É um processador que vai atender e com sobras, com um realismo impressionante em questão de sombra e movimento que o Ray Tracing traz. É isso que a gente quer entregar para o consumidor final. Independente se é tecnologia de um parceiro ou de outro, a gente quer que a experiência no uso seja o diferencial para o nosso consumidor.”

Renato Citrini
Gerente Sênior de Produtos de Mobile Experience da Samsung Brasil

Nada de Dynamic Island

TC: Nós vimos recentemente a chegada da Ilha Dinâmica no campo da câmera frontal que virou uma febre, e algumas fabricantes chinesas já se movimentam para entregar algo do tipo. A Samsung não entrou nessa onda, você pode falar um pouco sobre qual foi o pensamento da empresa sobre isso?

“Quando a gente olha para os consumidores, quais são os desejos, as expectativas, a gente tem diversas pesquisas, tanto no Brasil quanto globais. A matriz olha com muito carinho para o mercado brasileiro, lembrando que fizemos o lançamento simultâneo do S23 com o global. Mas quando a gente pensa o design dos nossos modelos, o recorte da câmera, historicamente a gente sempre buscou o recorte mais discreto possível. Ali onde fica o recorte é uma área não-útil, ela precisa ter o espaço para a câmera absorver luz, tem que ter alguma solução ali, e a gente traz uma solução elegante de um recorte cada vez menor. Além é claro de já estarmos na segunda geração da câmera sob a tela, apresentada no Z Fold 4, onde os pixels se apagam na hora de tirar a foto ou fazer chamada de vídeo e permitem a passagem da luz. Nós nos preocupamos muito mais em ter um recorte elegante e mínimo, ou mesmo com a câmera embaixo da tela.”

Renato Citrini
Gerente Sênior de Produtos de Mobile Experience da Samsung Brasil

Portfólio é trunfo contra rivais chinesas

TC: Como a Samsung tem encarado a expansão das marcas chinesas no Brasil? Temos algumas delas até já com lojas físicas em vários pontos do país.

“No mercado brasileiro a Samsung é a única fabricante a oferecer produtos desde a faixa mais de entrada, abaixo dos mil reais, sempre acessíveis, até intermediários da linha A, os mais flagships como os da linha S, e até dobráveis. A gente tem um portfólio extenso para atender qualquer tipo de consumidor. Seja o consumidor que gosta do celular mais robusto, do celular com câmeras melhores, ou um mais intermediário com ótima duração de bateria, a gente tem diferentes aparelhos de diferentes faixas de preço e diferentes posicionamentos para atender qualquer tipo de consumidor. Isso acontece também a nível global, onde conseguimos segmentar bem nosso portfólio de acordo com as preferências de cada local. A concorrência sempre vai existir, em maior ou menor grau a depender do mercado, mas a gente tem o nosso portfólio, a variação dos produtos, que fazem com que a gente seja competitivo em qualquer país que a gente esteja.”

Renato Citrini
Gerente Sênior de Produtos de Mobile Experience da Samsung Brasil

Atualizações

TC: Você falou sobre o olhar diferenciado da Samsung sobre o mercado brasileiro, e isso me lembrou de outro ponto. A Samsung oferece 4 anos de updates do sistema e 5 anos de atualizações de segurança, mas nem sempre os updates chegam ao Brasil junto com o mercado internacional, sendo visto um atraso em relação a países da Europa ou Estados Unidos, em especial. Qual o motivo desse atraso?

“Essa percepção (de atraso na liberação de updates no Brasil) no passado era muito maior. A gente vem reduzindo isso bastante, a ponto de todos os produtos disponíveis no mercado já estarem com a versão mais nova do Android. Quando o Google libera uma nova versão, a Samsung coloca a One UI como sua camada de customização e segurança, e aí começa o trabalho para atualizar todos os produtos. Cada país tem seu cronograma de liberação. A hora que a gente recebe essa versão nova do Android, cada país começa a trabalhar na atualização, e a gente é até favorecido por ter dois centros de pesquisa e desenvolvimento, em Manaus e Campinas.

O que pode nos causar um pouco mais de atraso é a dimensão do mercado brasileiro. Você pega uma Europa, por exemplo, Portugal, Espanha e França são países do tamanho do estado de São Paulo, Ceará, Rio Grande do Sul. Cada país lá tem o tamanho de um estado do Brasil. Então a gente precisa rodar diferentes testes, em diferentes redes de operadoras, buscar aprovação. Essas aprovações passam não só pela Samsung, mas também pelas operadoras, que precisam fazer todo o teste de interface com as redes delas. Uma mesma operadora pode ter diferentes características de rede em vários estados do país, então são muitos testes a serem feitos até ter essa liberação. Isso vale tanto para update de sistema operacional quanto atualização de segurança, mas pelos pacotes de segurança serem menores geralmente a liberação é mais rápida pelos testes não serem tão profundos.”

Renato Citrini
Gerente Sênior de Produtos de Mobile Experience da Samsung Brasil

Recarga rápida

TC: A linha Galaxy S23 não gabaritou a análise do TechSmart pela falta de evolução em velocidade de recarga, que é inferior até mesmo ao que alguns intermediários de marcas chinesas entregam. Qual a visão da Samsung sobre esse aspecto? As pesquisas internas da marca mostram que usuários não se importam tanto assim com isso?

“O desejo do consumidor é que a bateria dure mais, dure mais de um dia, dure dois dias. Então o que a Samsung faz é trabalhar para entregar esse desejo do consumidor, seja aumentando a capacidade física da bateria ou otimizando em hardware e software, com um sistema mais inteligente, um processador e uma tela mais eficientes, etc. Mudamos o gerenciamento do display para que mesmo com maior iluminação ele gaste menos energia. Temos um gerenciamento melhor tanto para o display aceso quanto para o streaming de vídeo, que são os pontos mais usados pelos consumidores, deixando a linha S23 com maior duração de bateria.

A gente quer que nossas soluções tragam mais autonomia, e não necessariamente eu vou partir para um carregamento de mais potência, porque teria que mudar componentes, alterar a dissipação de calor. A gente entende que conseguir 50% de bateria com 30 minutos na tomada já é suficiente para a maioria das pessoas passarem o dia sem precisar recarregar o smartphone. Sem falar da inteligência artificial, que aprende os hábitos de consumo para entrar em um modo de consumo reduzido de energia quando você não estiver usando — sem prejudicar notificações e outros processos importantes em segundo plano.”

Renato Citrini
Gerente Sênior de Produtos de Mobile Experience da Samsung Brasil

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