Unbound é o novo capítulo da franquia Need for Speed que chegou agora no final de 2022 para PC, Xbox Series e PS5 (PS4 e Xbox One ficam de fora) pelas mãos da Criterion Games, o estúdio responsável pelos aclamados Need for Speed Hot Pursuit e Most Wanted. Eles estavam sumidos do mundo dos jogos por servirem apenas como estúdio de suporte para games como Battlefront e Battlefield.
Desde que o Unbound foi anunciado como novo jogo da Criterion, os fãs mais antigos de Need for Speed ficaram animados para ver o retorno do estúdio à franquia após uma década. E os responsáveis pelo Hot Pursuit e Most Wanted vieram com várias novidades para o Need for Speed que aposta em mudanças ousadas que podem não agradar a todos.
O TechSmart conferiu o game no PS5 e conta agora o que achou deste que promete ser o Need for Speed mais estiloso e autêntico já feito.
- Elementos inspirados na arte do grafite
- História clichê decepciona
- Gameplay compensa pontos fracos
- Multiplayer com crossplay
- Desempenho no PS5
- Conclusão
- Ofertas
Logo nos primeiros trailers lançados do jogo ficou claro que o novo Need for Speed seguiria uma identidade visual diferente dos últimos títulos da franquia. Os personagens não trazem texturas similares ao restante do game e temos uma implementação cel-shading com modelagem 3D que lembra personagens de anime.
É normal que tal escolha passe uma certeza estranheza de início e mesmo depois de várias horas jogando ainda fiquei com a sensação de que o aspecto cartunesco não combina com o cenário realista. Além disso, há vários elementos em 2D inspirados na arte de rua, como uma espécie de grafite que enfeita os elementos gráficos do jogo.
Eu confesso que quando vi os primeiros vídeos de divulgação do jogo, acabei ficando incomodado com os efeitos de fumaça, partículas e até asas de anjo que aparecem quando saltamos com o carro. No entanto, depois de algumas horas você até esquece que estão lá e acaba se preocupando apenas em vencer as corridas.
A EA até prometeu que seria possível desativar esses elementos 2D, mas até o momento em que esta análise foi escrita ainda não havia tal opção disponível. Possivelmente deve vir em alguma atualização futura.
Ao iniciar a campanha você deverá escolher a aparência do seu personagem. Depois é possível customizar a aparência da face, o corte de cabelo e cor, além de pequenos detalhes como tatuagens ou cicatrizes. Claro que não é nada tão robusto como em The Sims, mas dá para deixar o personagem parecido com o jogador (ou pelo menos tentar).
Após ter o personagem finalizado, você iniciará o prólogo onde conhecerá os personagens principais da trama e também o seu primeiro carro. Só depois desta parte é que a história realmente começa e você poderá comprar o seu primeiro possante para trabalhar nele o tunando, comprando peças melhores e mudando o seu visual.
No menu terá acesso aos efeitos visuais e sonoros, podendo escolher a cor da fumaça do escapamento, o efeito de rasto dos faróis, diagramas de pneus quando realiza alguma manobra de drift, etc.
Pelo mapa encontrará artes de grafismo que contam como colecionáveis do jogo e fazem parte dos desafios para quem pretende fechar Need for Speed Unbound em 100%. Também temos os outdoors e ursos como parte dos colecionáveis.
Em Need for Speed Unbound, você terá que correr em corridas ilegais para ganhar fama e acumular dinheiro. Sensação de Déjà vu? Pois é. Aqui terá Yaz como a sua “irmã das ruas” que vai te apresentar a cidade fictícia Lakeshore. Ela que te mostra onde encontrar corridas, como participar e conseguir grana para aprimorar seu carro.
Logo no final do prólogo somos surpreendidos por uma traição por conta da Yaz, que não apenas rouba o seu carro, como também faz uma limpeza na oficina do mentor dos dois protagonistas. Após isso, o jogador terá que recomeçar do zero, adquirir um novo carro e voltar a competir nas ruas em busca de vingança.
Need for Speed Unbound não possui dublagem em Português, mas o menu e legendas estão em nosso idioma
Ao reencontrar Yaz pela primeira vez, o nosso personagem a desafia em uma corrida e se ele vencer terá o seu carro roubado de volta. A vilã diz que apenas uma corrida não será suficiente e ele terá que vencer um desafio mensal criado por ela, onde toda semana haverá um grande evento com os melhores pilotos.
A partir daqui, o jogador precisa vencer eventos diários, acumular grana, melhorar seu carro para enfrentar o grande desafio do final de semana. É preciso fazer isso mais três vezes para então ir para o Grand Finale, enfrentar a Yaz e recuperar seu carro.
Trama simples, sem reviravoltas e com final clichê e bastante óbvio. A Criterion não se esforçou neste ponto, decidindo focar toda a sua atenção na jogabilidade. E é aqui que o Need for Speed Unbound acerta.
Need for Speed Unbound traz muito do que foi visto no Heat (jogo lançado em 2019), incluindo o sistema de pressão ao cometer atos ilegais ou participar de corridas clandestinas. Sempre que você concluir um desafio do tipo terá aumento na escala de pressão que fará com que os policiais venham na sua cola.
Os eventos são separados em duas fases: dia e noite. Toda a pressão acumulada durante o dia é mantida à noite. Quando você chegar na máxima pressão 5, terá a SWAT, carros blindados e helicópteros na sua cola, o que torna a fuga muito mais complicada.
Aqui é um ponto em que o Unbound corrige o grande problema dos jogos anteriores em que tínhamos uma polícia anêmica que não apresentava qualquer desafio. O problema é que na pressão máxima terá um desafio realmente complicado de lidar e caso seja capturado perderá todo o dinheiro acumulado desde a última vez que visitou a garagem.
Aliás, este é o ponto em que Unbound exagera. O jogo tenta forçar o jogador a perder dinheiro a todo momento para atrasar a sua progressão. A maioria das corridas exige um pagamento para participar e se você não ficar entre as primeiras posições perderá ainda mais dinheiro.
As corridas também oferecem baixo retorno. Mesmo que você termine em primeiro ganhará pouco dinheiro e todas as peças do carro são caras, sem falar que os veículos mais velozes custam uma fortuna. E o que você pode fazer quanto a isso? Nada, apenas rejogar as mesmas corridas várias vezes para acumular a grana necessária.
Para piorar, o grande evento de final de semana exige carro de nível alto de uma categoria específica, além de ter que pagar uma quantia considerável para participar do evento. Se você não tiver grana suficiente até lá ou o carro necessário, o jogo te mandará de volta para o dia anterior para que continue refazendo as corridas de antes.
A parte boa do Need for Speed Unbound é que a jogabilidade foi aprimorada em todos os aspectos. Pequenos detalhes que fazem você sentir mais a diferença entre os carros, além do jogo oferecer vários ajustes finos para deixar a dirigibilidade, sensibilidade da direção, pressão aerodinâmica e tração das rodas ao seu gosto.
O jogo usa os recursos do DualSense e sentimos as trocas de marchas, o pneu derrapando no asfalto e as batidas nas laterais dos outros carros. O jogo não chega a explorar o áudio 3D do PS5, mas tem excelentes efeitos sonoros com surround bastante imersivo que nos faz sentir dentro de um carro em alta velocidade (especialmente se você possui um bom sistema de som com 5.1 ou 7.1 canais).
A trilha sonora tem grande peso do Hip-Hop, o que combina com a arte em grafite, as corridas de rua e o aspecto cartunesco dos personagens. O que irrita é o excesso de diálogos durante as corridas e até mesmo enquanto você passeia pelo mapa. Grande parte é completamente aleatória e irrelevante.
Entre uma corrida e outra receberá ligações dos NPCs com alguns serviços extras, como recuperar um carro que está do outro lado da cidade ou levar uma pessoa para um ponto específico. Ao fazer isso será recompensado com dinheiro ou terá acesso a uma nova garagem que servirá de ponto de viagem rápida para agilizar a navegação pelo mapa.
A cidade é bastante viva com vários pedestres e carros pelas ruas. O gráfico polido, o ambiente cheio de detalhes e o excelente HDR implementado tornam a exploração pelas ruas de Lakeshore bastante prazerosa. Não será raro se perder vagando pelo mapa apenas sentindo o pé afundado no acelerador embalado pelo ronco do motor implorando por mais velocidade.
Além do modo campanha em que correrá sozinho pelo mapa enfrentando a IA do jogo, há também o Lakeshore Online, sendo o mesmo mapa, porém com outros jogadores para correrem contra você.
Cada sessão de jogo aceita até no máximo 16 jogadores e você não fica preso apenas àqueles que estão na mesma plataforma que você, sendo possível jogar no PlayStation contra quem está no PC. Caso prefira competir apenas contra quem está no console, basta desativar a opção crossplay nas configurações do jogo.
O progresso no modo online é separado da campanha. Todos os carros que você comprou e todo o dinheiro acumulado ficam de fora, sendo necessário ter que começar tudo de novo. É justo? Talvez seja bom para nivelar os jogadores, mas é cansativo ter que evoluir novamente.
Ao entrar em uma sessão você pode criar uma lista ou participar de uma pronta com três corridas selecionadas. O jogador que ficar em primeiro recebe 10 pontos, o segundo 8 pontos e assim por dia. No final das três corridas vencerá o que tiver mais pontos, recebendo o máximo de dinheiro daquele desafio, enquanto os demais recebem uma quantia inferior.
E assim como no modo campanha, cada corrida exige um carro de uma categoria específica, enquanto há listas com corridas que exigem carros de categorias diferentes.
Esse é o primeiro Need for Speed (desconsiderando remasters) que roda a 60 fps nos consoles. No caso do Xbox Series X e PS5 temos o jogo exibido nativamente em 4K com escala dinâmica para manter a taxa de quadros por segundo sempre travada em 60.
Dito isto, o game flui bem e mesmo nas mais de 30 horas de jogatina eu não senti queda na fluidez. A resolução nem sempre permanece em 2160p, chegando a cair até 1800p em locais com muita movimentação de carros e pedestres, mas passa a maior parte do tempo em 4K como o prometido e muitos nem vão perceber a queda na resolução.
A latência dos comandos é baixa ficando perto dos 10ms, o que garante que o carro responderá bem ao precisar fazer uma manobra urgente em uma curva fechada. O jogo não oferece qualquer configuração com relação a modos gráficos, mas também não seria algo necessário.
Nos consoles da Microsoft temos resolução levemente superior no Xbox Series X, variando entre 2016P e 2160P. No Xbox Series S temos algo entre Full HD e Quad HD. E como já dito, os consoles da geração passada ficaram de fora. A Criterion alega que isso foi necessário para garantir um jogo com melhor qualidade gráfica atingindo 60 fps.
O tempo de carregamento é extremamente rápido no PS5. Sair da garagem para o mapa leva em torno de 3 segundos. Entre o menu inicial e entrar na garagem para escolher um carro para correr leva no máximo 10 segundos.
Especificações para jogar no PC
REQUISITOS MÍNIMOS
- OS: Windows 10 64-bit
- Processador (AMD): Ryzen 5 2600 ou equivalente
- Processador (Intel): Core i5-8600 ou equivalente
- Memória: 8 GB
- Placa de vídeo (AMD): RX 570 ou equivalente
- Placa de vídeo (NVIDIA): GTX 1050 Ti ou equivalente
- DirectX: 12 Placa de vídeo compatível
- Requisitos de conexão on-line: 1 Mbps ou conexão de Internet mais rápida
- Espaço de armazenamento: 50GB+
REQUISITOS RECOMENDADOS
- OS: Windows 10 64-bit
- Processador (AMD): Ryzen 5 3600 ou equivalente
- Processador (Intel): Core i7-8700 ou equivalente
- Memória: 16 GB
- Placa de vídeo (AMD): Radeon RX5700 ou equivalente
- Placa de vídeo (NVIDIA): GeForce RTX 2070 ou equivalente
- DirectX: 12 Placa de vídeo compatível
- Requisitos de conexão on-line: 1 Mbps ou conexão de Internet mais rápida
- Espaço de armazenamento: 50GB+
Vale a pena comprar o novo Need for Speed? Se você é fã da franquia, sem dúvidas, vai acabar se divertindo, mas o preço cheio acima de R$ 300 nos consoles torna a compra complicada agora no lançamento, pelo pouco que o jogo tem a oferecer. Ele é bacana, mas é curto e repetitivo. Há o modo online que não traz tantos desafios novos e com o tempo acabará enjoando rápido.
O novo visual cartunesco não agradará a todos, mas é interessante a franquia buscar mudanças para renovar a experiência batida e trazer uma nova identidade para revigorar uma série antiga que perdeu seu brilho nos últimos anos. Need for Speed Unbound tem seus altos e baixos, sendo um jogo divertido, frustrante e cansativo ao mesmo tempo.
Se você não é tão fã de jogos de corrida, então nem precisa se preocupar com o Unbound. Se quer algo mais simples, divertido e direto ao ponto, recomendamos o Forza Horizon 5. Agora se você curtiu o Need for Speed Heat, então vai gostar ainda mais deste aqui que melhorou tudo que existe no título anterior da franquia.
PONTOS FORTES E FRACOS
Esse é o Need for Speed mais prazeroso de dirigir dos últimos anos, sendo possível calibrar cada carro para deixar do que jeito que o jogador gosta
Os cenários e carros apresentam bons gráficos focados no realismo, mas os personagens estilo anime acabam quebrando a imersão
Enredo nunca foi o forte da série Need for Speed, mas o Unbound tem uma das tramas mais rasas e com personagens sem nenhum carisma
Hip-Hop casa bem com o estilo inspirado na cultura do grafite; temos batidas fortes, letras pesadas e ritmo frenético para combinar com as corridas em alta velocidade
Os personagens feitos em cel-shaded acabam um pouco com a imersão que o gráfico realista tenta criar, mas os efeitos sonoros com excelente surround nos faz sentir realmente dentro de um carro em alta velocidade
Need for Speed Unbound seria um jogo divertido e gostoso de jogar se não fosse pelo exagero em dificultar o progresso e fazer o jogador perder dinheiro com frequência